Gosto da forma que soa ao ouvido...
A E
Vida em câmara lenta,
A
Oito ou oitenta,
E A
Sinto que vou emergir,
E A
Já sei de cor todas as canções de amor,
E
Para a conquista partir.
D E
Diz que tenho sal,
A D
Não me deixes mal,
E
Não me deixes…
D
No livro que eu não li,
E
No filme que eu não vi,
A E
Na foto aonde eu não entrei,
D
Noticia do jornal
E A
O quadro minimal… Sou eu…
A E
Vida á média rés,
A
Levanta os pés
E A
Não vás em futebois, apesar…
E A
Do intervalo, que é quando eu falo,
E
Para não me incomodar.
D E
Diz que tenho sal,
A D
Não me deixes mal,
E
Não me deixes…
D
No livro que eu não li,
E
No filme que eu não vi,
A E
Na foto aonde eu não entrei,
D
Noticia do jornal
E A
O quadro minimal… Sou eu…
D E
Não me deixes já
A D
Historia que não terminou
E
Não me deixes…
D
No livro que eu não li,
E
No filme que eu não vi,
A E
Na foto aonde eu não entrei,
D
Noticia do jornal
E A
O quadro minimal… Sou eu…
D
No livro que eu não li,
E
No filme que eu não vi,
A E
Na foto aonde eu não entrei,
D
Noticia do jornal
E A
O quadro minimal… Sou eu…
quinta-feira, junho 26, 2008
terça-feira, junho 17, 2008
História devida - Há felicidades que acontecem...
A História devida é um programa da Antena 1 de Miguel Guilherme e Inês Fonseca Santos.
É um dos meus programas de rádio preferidos.
Há uns tempos, resolvi enviar um texto:
O Zé.
Nos inícios de Março, fui contactado pela produção do programa, para me informarem que a minha História devida, tinha sido escolhida!!!
Partilho convosco o texto e o áudio do programa.
Espero que gostem...
(carreguem no "play")
O Zé!
Foi num final de primavera, não me lembro há quantos anos. Os suficientes para que os números se baralharem no cofre da minha memória. Sei que já contava, pelo menos, uns vinte verões!
Umas amigas minhas faziam voluntariado numa instituição, um ATL, num dos bairros, ditos problemáticos, da cidade, e eu, volta e meia, ia ajudá-las.
Conta-se que, no início, fruto do hábito de ter três ou quatro tábuas e uma chapa ondulada, às quais chamavam casa, havia pessoas que criavam galinhas nas banheiras em vez de as utilizarem (às banheiras) para o fim que o seu inventor lhes deu. Penso que agora tudo está “normalizado”.
Os grandes utentes da instituição eram os pequenos miúdos e miúdas do bairro, que lá iam ter explicações, fazer os trabalhos de casa, brincar, enfim, ocupar os seus tempos livres...
De entre todos, havia um, o Zé. Um pequeno, grande terror!
Mais uma vez, o cofre da minha memória esconde o nome verdadeiro do petiz, por isso, baptizei-o simplesmente de Zé e será assim que me irei recordar dele!
O Zé era aquilo que se pode chamar de “o diabo em figura de gente”! Quando ele chegava, a paz, a calmaria, desapareciam...
Mal criado q. b., rezingão e sempre a fazer asneiras!
Ninguém tinha mão nele!
As minhas amigas pediam-me para fazer qualquer coisa, pois elas sentiam-se impotentes.
Como homem, se com vinte anitos podemos dizer uma coisa destas, comecei a tentar adestrá-lo.
As minhas “armas” foram uns “calduços”, uns berros e uns puxões de orelhas de vez em
quando (eu sei que não é muito pedagógico, mas na altura e com a minha experiência de vida esta era a solução que estava “mais à mão”!).
Como é fácil de imaginar, não obtive grande sucesso. Com franqueza, não obtive sucesso nenhum!
Foram muitos dias assim. Não sabia que havia de fazer ao pequeno selvagem...
Não sei como, se durante um dos passeios pelos meus pensamentos ou se por desespero,
decidi mudar de atitude.
Deixei de querer mostrar que eu era o “galo” lá do sitio. Os calduços foram substituídos por leves palmadinhas nas costas, os puxões de orelhas por abraços e o berros por um acolhedor “Olá Zé, como estás? Como correu o teu dia?”.
Sinceramente, nunca pensei que viesse a mudar alguma coisa.
Aos poucos, comecei a ver o Zé, mais calmo. Ao ponto de, quando chegava, corria para os meus braços e vinha dar-me um beijinho. Queria estar comigo e algumas vezes fez os
“deveres” sentado ao meu colo, e quando acabava lá ia buscar um ou outro jogo para
brincarmos.
Eu não queria acreditar no que estava a acontecer, e muito menos as minhas amigas que
diziam que, apesar de mais calmo, quando eu não estava ele “ainda descarrilava um
bocadinho”.
Como tudo tem um fim, a minha presença no ATL também findou. As férias grandes estavam à porta e o período de voluntariado das minhas amigas também conheceu o seu epílogo.
No último dia, cheguei ao pé do Zézito e disse-lhe: Olha, hoje é a última vez que venho...
Ele, com lágrimas nos olhos e com a voz embargada disse-me: Nunca mais te vou ver!??
- Que ideia, retorqui, claro que me vais ver... E muitas vezes!
Abraçou-me, num abraço que poucas ocasiões temos a felicidade de receber...
Aquele menino precisava de um porto de abrigo! Mares turbulentos, tempestades, já ele tinha em casa! E de certeza que recebia muito mais do que os meus calduços ou cachacitos!
Comigo teve aquilo que de mais puro uma criança quer: carinho, acolhimento, amor!
Hoje, passados, sei lá ,10-12 anos, lembro-me da frase profética do Zé: Nunca mais te vou ver!
Para mágoa minha, acertou...
Pedro Martins – Aveiro
É um dos meus programas de rádio preferidos.
Há uns tempos, resolvi enviar um texto:
O Zé.
Nos inícios de Março, fui contactado pela produção do programa, para me informarem que a minha História devida, tinha sido escolhida!!!
Partilho convosco o texto e o áudio do programa.
Espero que gostem...
(carreguem no "play")
O Zé!
Foi num final de primavera, não me lembro há quantos anos. Os suficientes para que os números se baralharem no cofre da minha memória. Sei que já contava, pelo menos, uns vinte verões!
Umas amigas minhas faziam voluntariado numa instituição, um ATL, num dos bairros, ditos problemáticos, da cidade, e eu, volta e meia, ia ajudá-las.
Conta-se que, no início, fruto do hábito de ter três ou quatro tábuas e uma chapa ondulada, às quais chamavam casa, havia pessoas que criavam galinhas nas banheiras em vez de as utilizarem (às banheiras) para o fim que o seu inventor lhes deu. Penso que agora tudo está “normalizado”.
Os grandes utentes da instituição eram os pequenos miúdos e miúdas do bairro, que lá iam ter explicações, fazer os trabalhos de casa, brincar, enfim, ocupar os seus tempos livres...
De entre todos, havia um, o Zé. Um pequeno, grande terror!
Mais uma vez, o cofre da minha memória esconde o nome verdadeiro do petiz, por isso, baptizei-o simplesmente de Zé e será assim que me irei recordar dele!
O Zé era aquilo que se pode chamar de “o diabo em figura de gente”! Quando ele chegava, a paz, a calmaria, desapareciam...
Mal criado q. b., rezingão e sempre a fazer asneiras!
Ninguém tinha mão nele!
As minhas amigas pediam-me para fazer qualquer coisa, pois elas sentiam-se impotentes.
Como homem, se com vinte anitos podemos dizer uma coisa destas, comecei a tentar adestrá-lo.
As minhas “armas” foram uns “calduços”, uns berros e uns puxões de orelhas de vez em
quando (eu sei que não é muito pedagógico, mas na altura e com a minha experiência de vida esta era a solução que estava “mais à mão”!).
Como é fácil de imaginar, não obtive grande sucesso. Com franqueza, não obtive sucesso nenhum!
Foram muitos dias assim. Não sabia que havia de fazer ao pequeno selvagem...
Não sei como, se durante um dos passeios pelos meus pensamentos ou se por desespero,
decidi mudar de atitude.
Deixei de querer mostrar que eu era o “galo” lá do sitio. Os calduços foram substituídos por leves palmadinhas nas costas, os puxões de orelhas por abraços e o berros por um acolhedor “Olá Zé, como estás? Como correu o teu dia?”.
Sinceramente, nunca pensei que viesse a mudar alguma coisa.
Aos poucos, comecei a ver o Zé, mais calmo. Ao ponto de, quando chegava, corria para os meus braços e vinha dar-me um beijinho. Queria estar comigo e algumas vezes fez os
“deveres” sentado ao meu colo, e quando acabava lá ia buscar um ou outro jogo para
brincarmos.
Eu não queria acreditar no que estava a acontecer, e muito menos as minhas amigas que
diziam que, apesar de mais calmo, quando eu não estava ele “ainda descarrilava um
bocadinho”.
Como tudo tem um fim, a minha presença no ATL também findou. As férias grandes estavam à porta e o período de voluntariado das minhas amigas também conheceu o seu epílogo.
No último dia, cheguei ao pé do Zézito e disse-lhe: Olha, hoje é a última vez que venho...
Ele, com lágrimas nos olhos e com a voz embargada disse-me: Nunca mais te vou ver!??
- Que ideia, retorqui, claro que me vais ver... E muitas vezes!
Abraçou-me, num abraço que poucas ocasiões temos a felicidade de receber...
Aquele menino precisava de um porto de abrigo! Mares turbulentos, tempestades, já ele tinha em casa! E de certeza que recebia muito mais do que os meus calduços ou cachacitos!
Comigo teve aquilo que de mais puro uma criança quer: carinho, acolhimento, amor!
Hoje, passados, sei lá ,10-12 anos, lembro-me da frase profética do Zé: Nunca mais te vou ver!
Para mágoa minha, acertou...
Pedro Martins – Aveiro
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