Depois do inquérito feito pelo companheiro de camarata, albardámos as bicicletas e fomos á procura de um boteco para tomar o pequeno-almoço.
Que saudades das pastelarias portuguesas!
Depois de meter alguma energia, lá nos fizemos ao Caminho, rumo a Caldas de Reis.
Esperavam-nos
A partir de Tuy, o Caminho está marcado com um azulejo azul com uma viera amarela. De quando em vez aparecem uns marcos com a distância que falta percorrer.
O moral das tropas andava em baixo, mas a vontade de chegar a Santiago, era forte.
O Caminho em Espanha é mais fácil que em Portugal, quer a nível de piso quer a nível de declive, no entanto, o cansaço acumulado tornou tudo muito mais complicado.
Como sabemos, o Caminho de Santiago trilhado originalmente por peregrinos, tem muitas Capelas e Igrejas como pontos de referência e de passagem. Acontece que, algumas vezes, andámos o dobro apenas para passar á porta da Igreja ou Capela xis, e que até se encontravam encerradas!
As recordações dos dois últimos dias esfumam-se nas brumas da memória. De facto, as imagens são muito poucas! Pedal, bicicletas, as nossas caras de cansaço, subidas, outras subidas e ainda mais subidas! Qualquer declive por mais pequeno que fosse, era a “encarnação” dos Himalaias!
Mas nem tudo foi mau.
Alguns quilómetros da viagem fora feitos
Depois de nos perdemos mais uma vez (a seta estava coberta com vegetação) entrámos na terra batida em direcção a Redondela.
Chegados lá, e depois de carimbar os passaportes e conhecer “los servicios”, umas sandochas de presunto e umas colas, no bar em frente, pareceram-nos um verdadeiro manjar de reis, tal era a galga!
O fim da jornada de hoje estava programado para Caldas de Reis, no entanto, quis S. Pedro, aliviar águas, e fomos nós quem levámos com ela!
Resultado: Apanhámos uma molha…
A vontade foi chegar o mais rápido a Pontevedra!
Chuvia copiosamente quando chegámos ao Albergue muito perto das 4 da tarde.
De lá veio a pior noticia do Mundo!
O Albergue estava cheio!
Estávamos nós quase em choque, quando todos se começam a rir! Tínhamos sido apanhados!
Afinal ainda havia camas!
Depois de carimbados os nossos Passaportes, e como era cedo, ainda olhámos para o firmamento nas esperança de ver a chuva partir, mas os
Tomámos um banho quente, descansámos e perto da hora de jantar, fomos experimentar a verdadeira comida de Shopping Center! Umas Boccatas, no restaurante com o mesmo nome, foi o nosso repasto.
Apesar da chuva, um gelado veio mesmo a calhar!
Regressámos ao Albergue onde aproveitamos para gozar o “Dolce fare niente!...”, até serem horas de dormir.
Conhecemos várias pessoas, mas houve uma que me marcou: um Brasileiro a caminho da meia idade. A primeira vez que o vi, estava ele todo torto a fazer qualquer coisa tipo yoga.
Quando falámos, contou que tinha feito o Caminho Primitivo, quarenta e três dias de viagem!
Depois de chegar a Santiago, foi até Finisterra onde apanhou um barco para o Porto, iniciando aí o Caminho Português!
E eu que dizia que andava cansado depois de 4 dias de bicicleta!
Quando o João Pestana picou bilhete, deitei-me, qual guerreiro no seu justo descanso!
Dormia eu há não sei quanto tempo, sou acordado pelo João!
- Mas que é isto? Não tens vergonha? ‘Tás farto de ressonar e as pessoas querem dormir...
Eu não estava a perceber nada... Eu que era a pessoa mais perto de mim não ouvia nada! Que falsidade!
O resto da noite foi muito complicado... Com medo de “não” deixar dormir os valentes peregrinos, estive sempre a acordar. Ainda por cima, aquele senhor que me tinha acordado ao início da noite, decidiu roubar-me o protagonismo e desatou a ressonar!...
Eu percebi o que ele quis fazer... Acordou-me, falou comigo para toda a gente ouvir, e depois dormiu descansado pois as pessoas do albergue julgavam que era eu!
Mas ele paga-mas!
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